INEM(IGO) A ABATER - Como uma greve no INEM mostrou a fragilidade do sistema de emergência médica

 


Ora cá estamos nós! Finalmente uma publicação que não fala de DECIR, incêndios rurais ou as parvoíces crónicas que todos os anos teimamos em fazer.

Então agora o INEM anda com um alvo nas costas? E ao que parece anda a correr num campo de minas, e com os olhos tapados? E até os Bombeiros se atiram ao instituto como um cão raivoso a querer carne?

Desculpem a parvoíce, mas isto está a ser ridículo.
É verdade que este instituto tem sido protagonista de inúmeras polémicas, seja na disponibilidade dos helicópteros, seja em investimentos que ninguém sabe onde foram parar (os tablets das PEM, por exemplo...), seja nos presidentes da entidade que se sucedem, todos com a ficha manchada por decisões que parecem demasiado óbvias para ser verdade e que lhes custaram o lugar.

Mas minha gente, vamos lá ver: foi preciso uma greve dos próprios Técnicos de Emergência para finalmente se falar das fragilidades gravíssimas que este instituto (o "dono e senhor" da Emergência Pré-hospitalar em Portugal) tem e que se recusa a assumir e corrigir? NINGUÉM nos sucessivos governos sabia disto? E se sabiam, porque nunca fizeram nada? Será porque se fala há anos que o INEM, enquanto entidade do Estado, (alegadamente) ENTREGA MILHÕES DE EUROS aos cofres deste, fruto do valor que recebe das seguradas todos os anos e que não utiliza? Valor esse que antigamente era entregue ao SNBPC e que permitiu a compra de inúmeros meios que ainda hoje andam aí? (Esta deixo para os nossos amigos do Polígrafo confirmarem...) Se calhar é por isso...
Mas então esse valor não podia ser utilizado para modernizar meios, como as SIV que algumas (ainda ontem vi uma delas numa ocorrência, aqui para o norte do país) ainda são de 2004, 2008 e contam com milhares (falo de 500mil para cima) de quilómetros e com avarias constantes, não oferecendo a segurança devida para operacionais e vítimas? Ou então ser investido no aumento salarial ou mais condições laborais aos Técnicos de Emergência, que mal se apanham nos quadros, fogem a 7 pés para outras entidades (ANEPC, nos CDOS por exemplo) graças á mobilidade e que oferecem segurança laboral muito melhor?

Mas onde é que isto toca nos Bombeiros? Oh, então, onde há polémica com socorro, nós estamos metidos (ou metemo-nos, como é o caso).
Então, bastou começarem a aparecer as notícias (rídículas!) sobre a morte de dezenas de pessoas por atrasos no atendimento CODU para que o Zé Bombeiral aproveitasse o momento para "chuchar" na mama do show off da imprensa sensacionalista e aparecer a apontar o dedo ao INEM! (apesar de ser o principal parceiro dos Corpos de Bombeiros) Ah! Mas á boa maneira do zé bombeiro, apontamos os dedos sem saber bem o que estávamos a dizer...
A desbocagem foi tal, que a dado momento, a greve foi justificação para tudo. Até para o que não faria diferença nenhuma. Como o caso
(hilariante diga-se, ainda por cima porque mostra falta de conhecimento nos protocolos EPH) do exmo. elemento de Comando que apareceu na TV estes dias (vou ser vago para evitar mais um processo disciplinar, e para preservar os colegas desse mesmo CB) a dizer que a equipa de uma ABSC respondeu a uma PCR, e que não conseguiu reverter a situação por não ter apoio diferenciado (acionada via CODU, que demorou a atender)... Sr Elemento de Comando, está familiarizado com os protocolos? Sabe que em casos excepcionais, os TAS podem utilizar da AUTONOMIA e arrancar para a unidade hospitalar mais próxima a fim de obter o dito apoio diferenciado? AH! Já agora, a ABSC era tripulada com TAS (como o protocolo obriga!) ou era com TAT? Ou pior, com Estagiários (!!) como se vê imensos por esse país fora? (Isto sim, são boas perguntas, que o INEM poderá esclarecer...) O que interessa na hora da verdade é a taxa de saída, não é? Como no problema das macas... UPS!

Voltando ao tema: temos os Técnicos do Instituto, especialmente nos CODU, a pedir as (mais que justas) dignas condições de trabalho, remuneração, horas extra, etc. Estamos a falar de gente cuja profissão envolve terem de tomar decisões de vida ou morte sobre as milhares de pessoas que usam o 112, caraças!! Nunca devíamos chegar a este ponto de "desespero laboral" !! Pensem assim: será que eu quero a pessoa que me atende a chamada 112 (ou neste caso, pós 112, do CODU) com um nível de stress pessoal maior que o meu?
Em lado nenhum meus amigos podemos ter os que é suposto ajudarem a população a ter de a socorrer preocupados com não conseguirem pagar as contas, ou sustentar as suas Famílias. NÃO PODE SER! Isso, como todos sabem, influencia e muito a qualidade do trabalho, e pior, leva a erros com consequências gravíssimas, como a morte de inocentes por negligência ou desleixo/distração.

Portanto, deixo o apelo: Vamos AJUDAR o pessoal do INEM, em vez de estarmos nós também, Bombeiros, a apontar-lhes o dedo. Porque nós temos telhados de vidro bem maiores que os deles. E os nossos infelizmente são culpa nossa. Vamos ser parte da solução, e não do problema.

TOCA A SIRENE!

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